A pobreza menstrual, uma realidade global que afeta milhões de mulheres, especialmente nas regiões mais desfavorecidas do mundo, engloba a falta de acesso a produtos menstruais adequados, barreiras sociais e econômicas que perpetuam o estigma em torno da menstruação, e a privação de dignidade para as mulheres afetadas. Embora existam iniciativas no Brasil para abordar essa problemática, é evidente que uma parcela significativa da população ainda enfrenta desafios relacionados a essa questão.
De acordo com o estudo “Pobreza Menstrual no Brasil,” realizado pelo UNFPA e UNICEF, 713 mil pessoas que menstruam vivem sem acesso a banheiro e/ou chuveiro em casa, e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas. A situação econômica precária leva muitas mulheres a escolherem entre comprar alimentos essenciais ou absorventes, resultando em consequências sérias para a saúde feminina, incluindo infecções e complicações ginecológicas.
Além dos desafios materiais, a pobreza menstrual também perpetua um preconceito social significativo. O estigma cultural associado à menstruação cria um ambiente no qual as mulheres são constrangidas a ocultar suas necessidades menstruais, prejudicando o diálogo aberto sobre o assunto e dificultando a implementação eficaz de políticas públicas e programas de apoio.
Representando a SES, o coordenador da Atenção Primária à Saúde, Fernando Erick Damasceno, destaca a importância de debater a pobreza menstrual e enfatiza a necessidade de esforços conjuntos para construir medidas eficazes. Ele ressalta que, ao discutir o acesso ao absorvente descartável, estamos simultaneamente abordando a defesa da dignidade de pessoas que não têm garantido os padrões mínimos de higiene e saúde para uma boa qualidade de vida.
A educação desempenha um papel crucial na interrupção desse ciclo, uma vez que a falta de acesso a produtos menstruais muitas vezes resulta na ausência escolar de meninas, prejudicando seu desempenho acadêmico e limitando suas perspectivas futuras. Esse cenário contribui para um ciclo intergeracional de pobreza, onde a falta de educação perpetua a falta de oportunidades.
Para combater a pobreza menstrual, é essencial que haja uma abordagem de diferentes frentes que inclua a disponibilidade acessível de produtos menstruais, a desconstrução do estigma cultural associado à menstruação e o incentivo a educação menstrual. Somente por meio de esforços tanto em nível local quanto global podemos criar um ambiente onde todas as mulheres tenham acesso digno a cuidados menstruais básicos, capacitando-as a alcançar sua dignidade e quebrar o ciclo da pobreza menstrual.
Autora: Gabriela Fortes
22 de Novembro de 2023